domingo, 28 de fevereiro de 2010

Thelma e Louise (1991, EUA)****

Direção: Ridley Scott. Com: Susan Sarandon, Geena Davis, Harvey Keitel, Michael Madsen, Christopher MacDonald, Stephen Tobolowsky, Brad Pitt.

Jovem maltratada pelo marido e uma garçonete quarentona desiludida com a vida e com os homens saem sozinhas de férias. Num bar de estrada, a jovem bebe e dança com um sujeito que depois tenta estuprá-la, e é assassinado pela outra. Perseguidas pela polícia, elas tentam atingir o México cruzando o deserto de Utah num velho Thunderbird, e chegam ao Grand Canyon. O roteiro da estreante Callie Khoury, ex-garçonete - levou o Oscar da categoria - parece a versão feminina de personagens, temas e situações caros ao cinema americano: a liberdade individual, o herói solidário e errante, a ineficiência das autoridades, a justiça pelas próprias mãos. Nesse sentido, é muito mais aparentado com histórias famosas, como as de Butch Cassidy, Bonnie & Clyde - Uma Rajada de Balas, do que com o ciclo de filmes que denunciam o machismo. Não à-toa, arrebatou o Globo de Ouro de roteiro original. O mais marcante nesse filme do diretor de Blade Runner é a presença de homens ineptos, egoístas e grosseiros ou paternalistas. Junto com a dupla de protagonistas, uma das mais charmosas do cinema americano recente, a narrativa esperta e o entrosamento perfeito entre interiores e exteriores criam um espetáculo de forte impacto, que culmina na alegórica sequência do Grand Canyon. O filme destaca-se também por ser uma tragédia que não se utiliza de expedientes fáceis evitando o sentimentalismo, a autocomiseração e a crítica social apelativa através do bom humor. A trilha sonora, marcada por county-rocks, inclui melodias com a guitarra lânguida à Paris, Texas.